Nós ouvimos dizer que a economia vai piorar e que temos de ajudar o comércio, comprando. Eu bem gostava, mas vou comprar coisas para quê? Para ficar em casa? No início de Outrubro, cheguei a encomedar umas botas, muito giras, de pele, davam para chuva e tal, mas o número era grande. Na altura de trocar ou devolver, pensei melhor: quantas vezes vou usar estas botas este ano? Quantas vezes vou sair e vou levar estas botas? Muito poucas. Uma coisa é ir para o escritório todos os dias e precisar de calçado sempre, porque as botas do dia anterior ficaram molhadas e no dia que queremos usar ainda não secaram e precisamos de outras. Uma coisa diferente é estar em casa, sair pontualmente para ir fazer um recado, até molhar as botas, mas elas depois terem tempo para secar. Com casacos igual. Eu adoro casacos, especialmente kispos. Mas a verdade é que, para as poucas vezes que vou sair, não preciso de ter mais kispos. Os que tenho já me bastam. E igual para quase tudo o resto. Roupa, calçado, carteiras, bijuteria, até maquilhagem (mas isso nem costumo usar, fora um iluminador ou um cc cream de vez em quando). Mesmo ir ao cabeleireiro pode ser com mais espaçamento. O que dá jeito comprar agora é roupa de casa confortável e quentinha e chinelos quentinhos (mas isso eu tenho em montes). Coisas para a casa, de modo a tornar o lar mais confortável. De resto, são aquelas coisas indispensáveis para sobreviver, como comida e produtos de higiene e limpeza. Até deixei de fumar nos últimos meses, por isso também é menos lucro para as tabaqueiras. Eu gostava de ajudar mas de facto não estou a ver com o quê. Tenho comprado mais pelo comércio tradicional, em vez de pegar no carro e ir ao super quanto tenho pouca coisa para comprar, vou antes às mercearias e padarias aqui perto. Mas de facto o espectro de coisas que se faziam e compravam e onde se gastava dinheiro antes está muito diferente e lamento pelas pessoas que estão a passar dificuldades devido a isso. Esperemos que novas oportunidades apareçam brevemente.
2 comentários:
Eu compro imensas vezes na mercearia aqui da minha rua, escuso de me ir enfiar no super quando preciso de coisas que eles têm aqui. Mas vejamos, se há mais desemprego e menos rendimentos, o tipo de comércio onde a malta poderá ajudar é mesmo só esse, de bens essenciais. O resto são coisas que ficam para trás porque o orçamento não dá para esses gastos...
pois, mais isso. não só não há tanta necessidade das coisas, como há menos rendimento disponível para muitas pessoas. é inevitável que negócios de coisas mais 'supérfluas', digamos, passem para segundo plano ou para nenhum plano até, e que esses negócios acabem por falir.
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