quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Consciência cívica

Nós ouvimos dizer que a economia vai piorar e que temos de ajudar o comércio, comprando. Eu bem gostava, mas vou comprar coisas para quê? Para ficar em casa? No início de Outrubro, cheguei a encomedar umas botas, muito giras, de pele, davam para chuva e tal, mas o número era grande. Na altura de trocar ou devolver, pensei melhor: quantas vezes vou usar estas botas este ano? Quantas vezes vou sair e vou levar estas botas? Muito poucas. Uma coisa é ir para o escritório todos os dias e precisar de calçado sempre, porque as botas do dia anterior ficaram molhadas e no dia que queremos usar ainda não secaram e precisamos de outras. Uma coisa diferente é estar em casa, sair pontualmente para ir fazer um recado, até molhar as botas, mas elas depois terem tempo para secar. Com casacos igual. Eu adoro casacos, especialmente kispos. Mas a verdade é que, para as poucas vezes que vou sair, não preciso de ter mais kispos. Os que tenho já me bastam. E igual para quase tudo o resto. Roupa, calçado, carteiras, bijuteria, até maquilhagem (mas isso nem costumo usar, fora um iluminador ou um cc cream de vez em quando). Mesmo ir ao cabeleireiro pode ser com mais espaçamento. O que dá jeito comprar agora é roupa de casa confortável e quentinha e chinelos quentinhos (mas isso eu tenho em montes). Coisas para a casa, de modo a tornar o lar mais confortável. De resto, são aquelas coisas indispensáveis para sobreviver, como comida e produtos de higiene e limpeza. Até deixei de fumar nos últimos meses, por isso também é menos lucro para as tabaqueiras. Eu gostava de ajudar mas de facto não estou a ver com o quê. Tenho comprado mais pelo comércio tradicional, em vez de pegar no carro e ir ao super quanto tenho pouca coisa para comprar, vou antes às mercearias e padarias aqui perto. Mas de facto o espectro de coisas que se faziam e compravam e onde se gastava dinheiro antes está muito diferente e lamento pelas pessoas que estão a passar dificuldades devido a isso. Esperemos que novas oportunidades apareçam brevemente.

2 comentários:

Cynthia disse...

Eu compro imensas vezes na mercearia aqui da minha rua, escuso de me ir enfiar no super quando preciso de coisas que eles têm aqui. Mas vejamos, se há mais desemprego e menos rendimentos, o tipo de comércio onde a malta poderá ajudar é mesmo só esse, de bens essenciais. O resto são coisas que ficam para trás porque o orçamento não dá para esses gastos...

Maat disse...

pois, mais isso. não só não há tanta necessidade das coisas, como há menos rendimento disponível para muitas pessoas. é inevitável que negócios de coisas mais 'supérfluas', digamos, passem para segundo plano ou para nenhum plano até, e que esses negócios acabem por falir.