segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Até que a morte nos separe

Ir a uma cabeleireira mais do que uma vez é quase como assinar um contrato de exclusividade. Vamos lá uma vez e não significa nada podemos ser um estranho que passou e quis cortar o cabelo. duas vezes é porque eventualmene somos de perto, ou gostamos do corte, ou queremos ser felizes para sempre juntas. Elas já acham que têm direitos sobre o nosso cabelo. Estão à espera que vamos sempre lá a partir de então. Se vamos cortar a outro sítio e depois voltamos, elas reparam logo. Hmmm, o cabelo está mais curto, e agora está mais escalado. Dizem isso num misto de tristeza, suspeita e raiva. Como se nos tivessem descoberto um affair com outra cabeleireira e quisessem que nós confirmássemos que realmente fomos infiéis. Ir três vezes ao mesmo sítio é sinal de que está tudo perdido. Nunca mais vamos poder ir a outro sítio cortar o cabelo sem sentirmos remorsos. A única hipótese é nunca mais lá voltar, para não termos de levar com os olhares a culparem-nos silenciosamente. É um drama que eu não quero viver, quero ir cortar o cabelo onde me apetece. Tenho um sitio que gosto e vou mais frequentemente mas tenho também mais dois sítios que gosto, que escolho dependendo do corte que quero fazer. O cabelo é meu, corto onde eu quiser, sem sentimentos de culpa.

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