Luís Carlos

Quando eu andava na faculdade era apaixonada por um professor. Paixão platónica, claro. Eu tinha 20, ele já devia ter 40 e poucos, mas era tão enigmático e interessante. Lembro-me que nas aulas de Estudos Literários dele ficava a ouvi-lo hipnotizada, sem perceber nada do que dizia. Quem é que quer saber de formalistas russos aos 20 anos? Ficava a olhar pra ele e a sonhar, claro. Depois deixou de ser meu professor mas (eu achava que) tínhamos encontros semanais à beira da máquina de café. Às quintas às 13h30 tínhamos ambos aula no piso 1 e íamos sempre tomar cafá à maquina antes da aula começar. E (eu gostava de pensar que) era um encontro em vez de uma simples coincidência. Ele publicou um livro de poemas eróticos que dedicou à *nome real da Maat* e eu jurei que era eu. Uma amiga minha negava que era eu, mas quer dizer, quantas Maats é que ele conhecia afinal? Bons velhos tempos da faculdade e da ilusão. Luís Carlos, adoro-te!