sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
A amizade também cansa
Ao longo da vida, vamos acumulando amigos. Não digo amigos, super amigos, do coração, a quem contamos tudo, mas amigos, pessoas de quem gostamos e com quem gostamos de passar tempo e de falar. Andamos na escola e ficamos com uma pessoa ou duas com quem vamos mantendo contacto. Vamos para a faculdade e é igual. Trabalhamos numa empresa e ficamos com duas ou três pessoas na bagagem. Mudamos de trabalho e juntamos mais um ou outro à lista. Vamos conhecendo pessoas através de amigos em comum e gostamos delas e sentimos empatia e queremos manter o contacto. E, reparem, que eu sou bem esquisita e já estou a fazer as contas bem por baixo. Se forem pessoas que gostem de toda a gente, não levarão uma ou duas pessoas de cada sítio mas se calhar mais. Isto tudo para chegar à conclusão que quando já estamos a trabalhar no terceiro ou quarto sítio diferente e já vivemos o suficiente para ir juntando um circulo jeitoso de pessoas de quem apreciamos a companhia, é muito difícil manter o contacto com toda a gente. Não dá para estarmos juntos todas as semanas, nem sequer todos os meses. Se isso acontecer uma ou duas vezes por ano já não é mau. O bom é que as pessoas acabam por perceber isso também e ninguém fica chateado. Toda a gente tem a sua vida e cada vez é mais difícil dispormos de tempo. Simplesmente ficamos felizes de nos reencontrarmos ao final de uns meses. O que também acontece é que eu não quero conhecer mais gente. Já tenho tanta gente com quem estar, ou tantos cafés e copos marcados para a data que todos conhecemos (“um dia destes”), que se torna cada vez mais difícil fazer a manutenção desta gente toda se continuar a adicionar pessoas. Claro que eu fico feliz por ter muita gente com quem posso passar tempo e com quem gosto de conviver, mas para já não quero ser amiga de mais ninguém, não quero conhecer pessoas novas, não quero criar laços com mais ninguém. A sério, não consigo. Mesmo no trabalho, eu, que sou super anti-social, tenho neste momento pelo menos cinco pessoas que me chamam para fumar, para fazer pausa, para almoçar. E cinco pessoas que não têm relação entre si, ou seja, teria de fazer cinco pausas por dia para estar com todas. Não consigo. Vamos ter calma. Claro que a empatia se cria de forma espontânea, e não vou ser eu a decidir que simplesmente não gosto de mais pessoas, mas não quero embarcar em cenas com pessoas novas, para evitar isso. Tenho muita gente em fila de espera. Só depois de atender estes todos é que tenho energia para novos clientes.
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