Não sei se já expus aqui a minha teoria de como os serviços públicos funcionam. Serviços públicos tipo finanças, segurança social, secretarias de escolas e universidades, e muitos outros serviços do género. Vamos pegar nas finanças como exemplo. Então a situação é a seguinte: dezenas de pessoas que trabalham lá, de várias idades, normalmente dos trintas (eventualmente dos vintes mas nunca vi) até aos cinquentas ou sessentas. O chefe, normalmente é um homem, já está nos seus cinquentas pelo menos. O que é que estas pessoas têm todas em comum, para além de serem funcionários públicos? O não perceberem nada do que se passa lá. Sabem fazer os processos básicos, as coisas que se fazem todos os dias ou todas as semanas, as rotinas. Se aparece algum caso um pouco diferente aí é que temos um problema. Ninguém sabe resolver e é vulgar empurrarem para o colega do lado, tenha ou não alguma coisa a ver com isso. Toda a gente já passou por aquela situação do ‘não é esta senha, é a B’ e depois ficamos presos nesse ciclo vicioso em que nenhuma senha é a do nosso caso. Até que chegamos a um funcionário que nos tenta impingir para um colega de onde já viemos e começamos a perder a paciência e a reclamar alto já. O funcionário fica com vergonha e, contrariado, lá tenta resolver o nosso problema. Chama o chefe que, coitado, ainda sabe menos do que ele, porque já nem sequer faz trabalho operacional, só assina documentos, e que, por sua vez, vai chamar O Funcionário. E que Funcionário é este? É normalmente uma pessoa mais jovem, nos seus trintas, que deve estar lá há menos tempo e que ainda tem vontade de aprender e trabalhar, que é esperta e que é a única desse serviço de finanças que percebe daquilo. Que sabe resolver as situações todas, ou quase todas, e que basicamente safa todos os seus colegas. Lá vem essa pessoa, analisa o nosso caso, logo nos diz o que temos de fazer, que impresso temos de preencher e dá instruções ao funcionário que nos atende como dar seguimento ao processo. Ou seja, esta pessoa é a única pessoa verdadeiramente competente de todo aquele serviço de finanças. Provavelmente até será a que ganha menos, porque está lá há menos tempo e ainda não progrediu na carreira.
Na secretaria da Faculdade de Letras era a Sónia. Saudações, Sónia, e obrigada por teres resolvido todos os problemas que tive ao longo do curso. Saudações também para cada um dos funcionários de cada serviço que põem isso a mexer. Espero que sejam promovidos e valorizados pelo que fazem todos os dias, pelos vossos colegas e pelos utentes também.
Agora imaginem um mundo onde todos os funcionários dos serviços eram este Funcionário, que sabe tratar de tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário