segunda-feira, 16 de abril de 2018

O fantástico mundo da internet


Eu sou uma crazy cat lady. E como crazy cat lady que se preze, também sigo no facebook algumas páginas de ajuda aos animais (no instagram também só sigo contas de gatinhos. E depois?). E quase sempre quando alguém pede ajuda para um animal ou quando anunciam alguma melhoria em relação às condições dos animais, aparecem sempre os trolls do costume a dizerem coisas como ‘e os sem abrigo todos? Ajudar esses é que era’ ou ‘e as crianças que morrem de cancro, não precisam de ajuda também?’ ou ainda ‘se se preocupassem com os velhos que estão sozinhos é que era’, de entre uma panóplia de outros assuntos que são sempre mais importantes. A questão é, as pessoas não podem preocupar-se em ajudar os animais e ajudar na mesma essas outras pessoas todas? Acho que dá para fazer tudo em simultâneo, não é mutuamente exclusivo. Só se essas pessoas forem lerdas e só conseguirem fazer uma coisa de cada vez, que até acredito que seja possível, mas o resto do mundo não é assim. Há sempre alguma coisa melhor para ajudar. Mas por esse prisma, era preciso primeiro escolher a coisa mais importante do mundo. Sei lá, as crianças que morrem de doenças, pronto. E só quando deixassem de morrer crianças com doenças é que se podia ajudar os velhos que estão sozinhos. E só quando não houvesse velho algum sozinho no mundo é que se passava aos sem abrigo. E assim sucessivamente. E já viram se demorávamos 40 anos a tratar das crianças que morrem com doenças? Todos os outros problemas do mundo ficavam à espera durante 40 anos para que pudéssemos tratar deles finalmente. Porque só se podiam ajudar as crianças que morrem de doenças, não se pode ajudar mais ninguém em simultâneo, é a coisa mais importante do mundo. Ia ser como nas filas do supermercado agora. Até chegar a minha vez, adulta saudável e sem filhos, depois de passarem todos os casos prioritários é um filme.

2 comentários:

Cynthia disse...

Confesso que se tiver que escolher entre animais ou pessoas (porque o tempo ou dinheiro pode não chegar para ambos), escolho as pessoas. Nunca escolheria dar dinheiro para ajudar um animal se pudesse ajudar antes uma pessoa, entendes? Porém, cada um tem a sua causa e abstenho-me, regra geral, de fazer comentários sobre esse assunto, porque fere sempre susceptibilidades. Não imponho a minha opinião aos outros, porque detesto que façam o mesmo comigo.

Maat disse...

não tens de justificar a tua escolha, assim como ninguém tem. cada uma ajuda o que quiser, só uma causa, várias causas, nenhuma causa até.
haver uma caridade pra animais não quer dizer que se não houvesse, esse dinheiro fosse canalizado para os sem-abrigo. se calhar, quem gosta de animais se não desse para esse caridade, não dava para nenhuma.
a questão é mesmo haver várias causas disponíveis, que não tiram o lugar umas às outras, e cada um dirigir-se para a que lhe diz mais e não começarem com este tipo de acusações parvas.