quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

#805

Desde que era pequena e andava de carro com os meus pais, semrpe ouvi o meu pai dizer que não podíamos ter o aquecimento muito quente porque depois ficava constipada quando saísse do carro. Ele punha sempre assim no médio, para se sentir qualquer coisa, mas não o suficiente para se andar de t-shirt, que era o que eu queria. Ora hoje em dia, e conduzindo eu há muitos anos, ainda não me consegui libertar desse ensinamento. Eu quero aquecer muito o carro, mas percebi recentemente que quando fica muito quente, fico com 'sentimento de culpa' e 'medo' de quando sair notar uma grande diferença e adoecer, como ele tanto vaticinava, e acabo por reduzir o aquecimento, apesar de o calor me estar a saber bem. Engraçado como acabamos por interiorizar tão profundamente as coisas que nos ensinam e agir dessa forma até inconscientemente, mesmo que não concordemos com elas. Estou agora a fazer um esforço por me afastar desses pensamentos e aproveitar o calor no carro por completo, não desligando ou reduzindo o quente. Se eu estiver a gostar, o aquecimento tem de continuar na mesma temperatura, nem que apanhe um choque térmico quando sair do carro. E aí sim, se isso acontecer poderei dar razão ao meu pai. Isto lembra-me aquela situação da franja. Quando as meninas querem deixar crescer a franja e os pais dizem 'olha que ficas vesga com o cabelo à frente dos olhos'. Será que alguma criança ficou mesmo vesga por ter o cabelo à frente dos olhos? Há provas disso? Então enquanto não houver, o meu carro vai parecer um país tropical.

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