terça-feira, 2 de agosto de 2016
#599
Hoje estou desiludida. Com o país, com as pessoas. Leio as notícias e não me aparece nada de bom. IMI que aumenta para quem tem sol e que baixa para quem mora à beira de um cemitério. A Figueira da Foz vai pagar a uma entidade privada um concerto do Anselmo Ralph se não tiverem ocupação suficiente – tacho para mais algum comparsa, só pode. Actores que têm salários em atraso e escreveram uma carta à Presidência da República, como se fossem mais importantes do que todos os outros trabalhadores que estão na mesma situação. Não, destes tem de ser o Presidente himself a tratar. Poupem-me. E depois temos este governo rasca de esquerda que usurpou o poder e só veio piorar a nossa situação. Nunca tive preferências partidárias, nem situação política definida, mas este governo teve ao menos a vantagem de me fazer perceber que odeio a esquerda e que sou de direita, sem dúvida. Devolveu tudo aos funcionários públicos, como se eles fossem as vítimas do sistema, coitados, e subrepticiamente vai tentando lixar os outros, afinal o dinheiro não cai do céu, e daqui a nada não cai nem da União Europeia, que vai fechar as torneiras dos subsídios e é muito bem feita, vamo-nos lixar todos por causa de alguns. Ou se calhar não, somos todos iguais, se lá estivessemos, acabaríamos por fazer o mesmo. Pergunto-me quanto tempo demoraria a vergar um político honesto que estivesse no poder, ou então de quantos políticos honestos precisaríamos para mudar esta merda toda. Não quero acreditar que todos os políticos que chegam a alguma posição de poder sempre tenham sido pessoas que só olham para ao seu umbigo e para os seus interesses. Prefiro acreditar que entraram na política com o intuito de mudarem alguma coisa, de serem diferentes, e depois foram sendo corrompidos pelo poder e pelo dinheiro. Se em tantos anos, desde 1974, nunca tivemos alguém que era bom de origem na política, estamos muito mal. E depois temos também as pessoas, o povo, vá. As pessoas falam e criticam mas também só querem saber de futebol e de Pokemons. Ou de gatinhos, no meu caso. Não sei também o que poderíamos fazer, é bonito falar, lá está, mas acho que somos muito brandos em Portugal. Lembro-me daquela manifestação na Assembleia da República, em 2012 penso, com milhares de pessoas que tinham coktails molotov. Lembro-me que fiquei orgulhosa das pessoas. Devíamos fazer isso mais vezes. Não é preciso magoar ninguém, mas é preciso mostrar que o povo afinal quer saber e que está farto de políticos corruptos e incompetentes.
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