quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

#274

Mesmo a propósito do post de ontem sobre os cómicos de meia tigela, ontem à noite um estava a chorar no Facebook porque tinham denunciado o post dele e o Facebook tinha apagado. Depois percebi que ele tinha feito uma 'piada' (or so he calls it...) sobre a situação dos piropos e violações. Muito engraçado, de facto. E a culpa era do Facebook que basicamente é um tirano e pior do que o Salazar e não permitem a liberdade de expressão lalala. Nem sei porque continua a ter lá conta então, ninguém o obriga. E ainda comparou a 'piada' dele aos trabalho do Miguel Ângelo e do Kubrick, mas isso deve ter sido um devaneio, já na loucura. Não acredito que ele estivesse em posse de todas as suas faculdades para se comparar a esses génios, por isso vou-lhe dar esse desconto. A sorte destas pessoas é que há bastantes pessoas que não têm grande discernimento e gostam destas piadazecas foleiras e depois vão aos espectáculos deles e dão-lhes dinheiro. E eles conseguem ganhar a vida a dizer parvoíces, basicamente.

4 comentários:

mb disse...

Em defesa do humor negro, só tenho a dizer que o riso é uma reacção involuntária, cada um ri-se daquilo que acha piada. Dizer que pessoas que gostam desse tipo de humor não têm discernimento é apenas preconceito.

Em relação ao Rui Sinel de Cordes, do qual não sou grande apreciador do trabalho, e ao seu texto polémico, o principal objectivo passava por criticar a forma como o Facebook funciona: uma suspensão de conta ou remoção de post é feita com base no número de denúncias, e não no teor dela. Se tu partilhares uma foto do teu gato e 1000 pessoas forem lá denunciar como imagem explícita, és censurada. E isso é claramente uma falha dessa rede social. Na altura, eu li o texto e achei bastante pertinente, tirando alguma falta de objectividade na crítica a quem o insultou.

Pior do que um artista fazer uma piada para os seus seguidores, precisamente aqueles que lhe interessa ter depois nos seus espectáculos, é haver néscios que vão para uma página que não gostam para denunciar conteúdo, impedindo pessoas que gostam e querem ver. Nojo desta gentalha, campeões da Internet, paladinos da Justiça, defensores do politicamente correcto, que mereciam viver em ditadura para aprender a dar valor a opiniões ou trabalhos dissidentes.

Maat disse...

há humor negro e humor negro. o ricky gervais faz piadas com sida e cancro e muitas mais coisas e eu acho o máximo.
não me lembro da piada em particular nesse caso, já foi ha 6 anos, mas sendo alguma piada sobre violações e piropos não acho piada. e porquê? porque isso acaba por dar um ar leve à situação, euqase legitimar e fazer parecer uyma coisa normal, quando não é.
uma coisa é brincar com cancro, sobre o qual não temos qualuer poder, e aí mais vale brincar com isso. brincar com uma situação que pode ser originada por um bronco qualquer, quye até ouviu a piada e achou o máximo, para mim não tem piada.
claro que cada um pode dizer o que quiser, e cada um pode rir-se do que quiser, mas vou sempre ser contra essas piadas, que também sou livre de ser contra o que eu quiser.

a cena dos bloqueios no fb continua igual: quem lá está, tem de aceitar as regras. se não gosta, apaga a conta e vai para outro sítio qualquer. se o algoritmo é isto ou aquilo, que interessa? alguém tem algum poder para mudar isso? o fb é uma rede social que é propriedade privada e quem quer usar tem de se sujeitar.
que venham para o blogger, onde podemos dizer o que nos apetece :)

mb disse...

O discurso não-humorístico tem restrições claras (difamação, discurso de ódio, incentivo à violência, etc), que não existem no discurso humorístico. Por exemplo, pode-se fazer um sketch ou um cartoon que usem esse tipo de conduta para fins cómicos.

Uma piada sobre violação é apenas isso, uma piada. Não visa escarnecer do alvo, mas sim fazer rir alguém. Proibir isso porque há violadores que se riem é o mesmo que proibir romances que retratam violência doméstica porque os agressores podem ler ou músicas que falam de stalking porque stalkers podem ouvir.

Não se trata de não teres liberdade para criticares, mas sim de haver bom-senso para não o fazeres quando isso estraga o trabalho dos outros. Porque, por mais incomodada que fiques com uma piada, não ficarás mais do que o autor se ele for censurado. Por exemplo, se os Cradle of Filth lançassem um novo single no Youtube, e esse fosse atacado de forma acutilante, com acusações de mensagens satânicas e anti-religião, e a banda fosse obrigada a remover o vídeo, quem achas que ficaria mais incomodado, eles e os seus fãs ou os haters que têm direito a expressar o seu desagrado?

Sobre o Facebook, concordo que quem não gosta, deve optar por alternativas. E foi o que o Sinel fez: publicou a mensagem para dar conhecimento aos fãs do que lhe tinha acontecido e deixou de usar de forma regular como o fazia.

Maat disse...

obvs que não quero proibir nenhum tipo de piadas, só disse que eu sou contra e não acho piada nenhuma. e sou livre de ter a minha opinião pessoal e não gostar e não me rir e não participar. e também percebo que, claro, não nos estamos a rir da situação, mas da piada. mas ainda assim, são coisas a que não acho piada. assim como qualquer piada machista. acho que sinto que essas coisas acabam sempre por promover o patriarcado, ainda que de forma inconsciente ou não propositada, então não acho piada. zero piada. agora quem quiser é livre de as dizer e de se rir com elas.

e também acho que tenho o direito de criticar e de dizer que não acho piada e que até acho de mau tom. mas, de novo, é a minha opinião e sou livre de a dizer, como alguém é livre de fazer a piada. não sou eu que vou decidir se essa piada é publicada, não é publicada, é bloqueada, não é bloqueada. claro que se for bloqueada, vou ficar contente, mas não vou ser eu a denunciar nada. fosse toda a gente tão passiva como eu nas redes sociais :) eu faço aquele clássico, que é 'não gosto, não vejo'.