quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
Sempre as gorjetas
Apareceu a Uber e as pessoas sentiram-se livres. Livres para poderem pagar confortavelmente com cartão de crédito, sem terem de andar sempre com trocos, e para não se sentirem obrigadas a arredondar a conta de 14,20 para deixar gorjeta aos taxistas. Toda a gente troca os táxis tradicionais por Ubers. Óptimo. Até que a Uber se lembra de meter na aplicação a opção para deixar gorjeta e todo o sentimento de culpa volta. Nunca mais vou conseguir usar a Uber sem me sentir culpada ao dizer que não quero deixar gorjeta. Num email que recebi há pouco tempo da Uber que dizia: 'Dar uma gratificação aos motoristas é opcional mas Portugal está entre os países da Europa que mais gratificações oferece'. Pudera, somos um país católico e a culpa judaico-cristã vai estar sempre presente, mesmo que tentemos negar essa nossa herança. Não me admiro que as pessoas se sintam culpadas ao ver lá a sugestão da gorjeta e acabem por dar alguma coisa, ainda que mesmo contra a vontade. Não me vão apanhar a mim nisso. Até me posso sentir culpada, mas vou continuar a carregar no não.
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